domingo, 11 de janeiro de 2009

" O ABISMO ENTRE O DISCURSO E A PRÁTICA "

Este artigo escrevi no meu antigo blog, achei interessante postar novamente neste novo blog. Trata-se de um texto que expõe a maior disfunção que pode existir na interação humana: Fazer totalmente ao contrário daquilo que se diz. Isso é inaceitável tanto para empresas, líderes, pais, enfim para toda pessoa que queira influenciar outra de maneira positiva.

“O abismo entre o discurso e a prática”
por Jean Paulo Mostarda


É incrível como nos dias atuais existe um grande abismo entre o discurso e a prática. Não que no passado não tenha havido discrepâncias entre o que era dito e o que realmente era realizado, mas com certeza o valor da palavra no passado possuía muito mais coerência do que hoje. Nota-se esse tipo de conduta em vários âmbitos da nossa sociedade, e o mais intrigante é que isso acontece no mundo todo.
Ao ligarmos a televisão no horário nobre, vemos a Secretária de Estado Americana Condolessa Rice condenar a violência mundial, justo ela que foi uma das maiores apoiadoras de George W. Bush na invasão do Iraque. Nas campanhas políticas o que mais se observa são as grandes declarações, todas cheias de ímpeto, integridade e honestidade e ao ser eleito o político age de maneira displicente e de forma totalmente contrária daquela que fora mencionada na campanha.

Em sua obra “O Príncipe”, Maquiavel em determinado capítulo afirma que o Príncipe para manter-se no poder teria que desconsiderar as promessas ditas ao povo, se a realização de tais promessas comprometerem a base de sustentação deste poder. Sendo assim, o comportamento antiético é predominante no cenário político, isto é, o discurso pode ser um e as ações outras.

Mas é um grande engano dizer que somente no ambiente político existe essa falta de cumprir aquilo que é dito. Nós mesmos, simples mortais repetimos essa conduta, sem mesmo perceber nossas atitudes. E é aí que está a palavra que tem tudo a ver com nosso tema: “ATITUDE”.

As atitudes é que são contrárias com os discursos. Um pai que diz para o filho: “Não roube meu filho.” Mas que vem do supermercado ou da venda da esquina se vangloriando por ter trazido uma mercadoria sem que o caixa a registrasse a mesma.
E fica a principal pergunta:
Qual das duas mensagens ficará mais forte na cabeça desta criança? Aquela que foi proferida verbalmente? Ou o exemplo dado com as compras?

Nas empresas esse “modus operandi” é visto com muita freqüência e não importa o seu tamanho. Existe de tudo um pouco:

Gestores que afirmam em reuniões ou até mesmo para imprensa que o equilíbrio entre vida pessoal e profissional está acima de qualquer coisa, porém na primeira oportunidade cobra dos funcionários que estes realizem jornadas de trabalho cada vez mais longas com o foco único e exclusivo na maximização dos lucros.

Gerentes que a todo o momento dizem bordões como “trabalho em equipe”, “gestão participativa”, entre outros. Mas não têm nem mesmo a capacidade de ouvir seus subordinados e que muitas vezes se apropriam da idéia do subordinado a fim de obter sucesso pessoal, esquecendo desta maneira de toda a atitude condizente com seu discurso inicial.

Empresas que fazem questão de afirmar que funcionam com base na meritocracia, porém não são adeptas nem mesmo de um sistema de avaliação de desempenho.

Em suma, os modismos de certos termos e sistemas de Gestão de Pessoas são largamente repetidos dentro das empresas, mas todos eles sem comprometimento algum com uma atitude eficaz dentro de todo este contexto. Assim, de nada adianta fixar cartazes mensurando políticas de RH baseadas em best-sellers do momento, se o exemplo não vier dos gestores.

O fato mais lamentável na conduta das empresas no momento é a preocupação com o meio ambiente. Empresas do mundo inteiro têm sofrido pressão pelo aquecimento global e a devastação da natureza. Mas o que vemos são empresas querendo fazer um belo discurso para parecer mais responsáveis para o público, porém na verdade não têm um grande ideal de crescimento sustentável. Querem obter o certificado ISO 14001 (norma ISO que inclui questões como proteção ao meio ambiente e responsabilidade social) não como uma conquista de ideal, mas sim por uma estratégia de marketing, ou seja, o que está embutido numa ação nobre como essa é justamente o interesse próprio e não a preocupação genuína com a sobrevivência do mundo. Neste exemplo, não podemos generalizar é claro, pois, existem empresas comprometidas e responsáveis realmente, mas uma grande maioria tem outras intenções embutidas.

Por isso pessoal, é muito importante refletirmos se aquilo que pregamos também o executamos no dia-a-dia. Essa é uma das virtudes imprescindíveis para ser respeitado.

Reflita sobre isso.

Um grande abraço a todos...

Jean

Nenhum comentário:

Postar um comentário